terça-feira, 30 de junho de 2009

Exposição "Sacharum/BA" - Junho/2009
Museu de Arte Moderna - Museu Carlos Costa Pinto - Instituto Goethe

Convite da exposição


O texto abaixo foi extraído do site:

http://www.goethe.de/ins/br/sab/prj/rap/art/ptindex.htm


"O papel do açúcar para o desenvolvimento do Brasil foi sempre marcante, outrora por conta de sua exportação para a Europa, hoje em dia em função da produção de biocombustíveis à base de álcool derivado da cana. A exposição procura retratar este caráter global do açúcar, que desde sempre tem marcado tanto a imagem do Brasil como a sua posição no panorama internacional, ao unir, em uma só mostra de arte contemporânea, artistas brasileiros e estrangeiros: Jonathan Meese, Simone Nieweg e Jürgen Stollhans, da Alemanha; Ayrson Heráclito, Baldomiro Costa, Caetano Dias, Gaio Matos, Herbert Rolim, Ieda Oliveira, José Rufino, Márcio Fagundes, Maxim Malhado, Vauluizo Bezerra e Vik Muniz, do Brasil; Shelley Miller, do Canadá, e Meschac Gaba, do Benin, entre outros. 

Além das obras dos artistas convidados, são incluídas peças de acervos locais que guardam uma relação com a produção de açúcar e derivados, explorando o potencial de diálogo dos acervos existentes em Salvador e o papel que cabe às coleções artísticas baianas na dinamização cultural e na construção da Arte Contemporânea.


É objetivo de "Saccharum BA" estabelecer leituras possíveis de uma tradição e de uma discussão contemporânea fundamental para o Brasil."


Obra "Bio Car" - Meschac Gaba - no espaço expositivo MAM-BA

Da esquerda para a direita: Leandro ferreira, Tanile Maria, 
Josemar Antonio e Meschac Gaba
A exposição aconteceu simultaneamente em três espaços expositivos da cidade de Salvador: Museu de Arte Moderna da Bahia, no Instituto Cultural Brasil/Alemanha, e no Museu Carlos Costa Pinto, abordando diversas linguagens relacionadas aos engenhos na Bahia, o açúcar e seus derivados.

Neste projeto atuei na:
- Pesquisa Bibliográfica e de Acervos; e
- Curadoria Saccharum Ba: legados do engenho (Museu Carlos Costa Pinto), juntamente com Tanile Maria e Patrícia Rosa.


Alejandra Muñoz e parte de sua equipe de 
assistentes/auxiliares no Projeto Sacharum_BA 

domingo, 21 de junho de 2009

Exposição "Doce de Santo" - Junho/2009
Galeria Acbeu - Salvador/BA


“DOCE DE SANTO”

Este projeto nasceu de questionamentos sobre os santos como “provedores de acesso rápido a Deus”, tendo como gênese conceitual e matérica, o trabalho de pesquisa sobre religiosidade. Desta forma, o projeto “DOCE DE SANTO” foi pensado para recortar e pontuar fragmentos de vivências da cultura popular, visando especialmente o desdobramento das pesquisas iniciadas sobre o tema referido. Inicialmente, foi abordada a banalização do sagrado, a sacralização do homem e a transformação de santos numa ótica de verdadeiros super-heróis da contemporaneidade.  

Tratou-se de um projeto de exposição de um coletivo de artistas. A poética visual inserida nesta proposta se constituiu em uma forma de contestação que tomou elementos pertencentes ao imaginário religioso e artístico como fonte de sentido e significado, revelando formas híbridas como modo de compreensão e crítica desse processo. Teve a característica de um projeto processual, pois os trabalhos apresentados criaram possibilidades de complementação na medida em que novas obras foram acrescentadas à proposta inicial. 365 artistas participaram, estabelecendo um diálogo entre a matéria, a idéia e o fazer artístico ao longo do processo criativo: um artista para cada dia do ano e seu olhar diferenciado sobre seu objeto de trabalho. Assim, os artistas integrantes do projeto, propiciaram um entrelaçamento das suas poéticas visuais, além de possibilitar a interlocução com a vivência de outros pela criação de uma obra processual.  

A iconografia oscilou intencionalmente entre pólos opostos. A necessidade de associar conceitos foi criada para “DOCE DE SANTO” a partir de um impulso que não era necessariamente nem agressão nem reação por parte do sujeito. Em primeiro olhar, foi escolhido trabalhar com os santos Cosme e Damião por estarem associados aos doces e guloseimas distribuídos por ocasião da sua festa, sendo ampliado, posteriormente, para qualquer forma de leitura sobre o “duplo” de cada artista. Como resposta dirigida ao inconsciente, na construção de uma pretensa “compota de doce de santo”, ela se tornou referência de atributo associado ao personagem híbrido de força e sacralidade, formando o retrato de um “santo da contemporaneidade”, uma imagem mítica da própria necessidade de sobrevivência. Compotas, pois, são um meio de conservação de frutos em açúcar para que posteriormente sejam apreciados como lanche ou aperitivo. Sendo assim, obras de arte foram aprisionadas em vidros de doce, como compotas.

Esta proposta teve voz ampla e abordou repertórios de inteligibilidade de ações que evocaram passagens temporalmente construídas na relação com o outro. Os conceitos de duplicidade, relíquia, sagrado/profano, consumo, real/imaginário, transparência e voyeurismo, foram trabalhados. 

A mostra também permitiu ao público, acesso a um espectro mais amplo e variado da produção artística, além de ter sido uma maneira de dar retorno a este público que busca por contato com diversos artistas e sua produção. A seleção deste projeto para a Galeria ACBEU foi uma oportunidade de apresentar ao fruidor, um trabalho que vinha sendo desenvolvido em ambientes de pesquisa, de ensino, em ateliês de artistas e ambientes afins, comungando sob o olhar da fotografia todas as formas de expressão em artes visuais.  

A ocupação do espaço expositivo deu-se com as “compotas de santo”, distribuídas em gôndolas e prateleiras, como mercadoria em um supermercado. Além de tratar-se do processo criativo e suas implicações num desdobramento contínuo, este projeto se justificou pela atualidade da sua temática que, propôs a criação artística a partir de conexões e interlocuções entre a cultura e a visão social, contribuindo para o desenvolvimento de ações multidisciplinares, vivenciando uma intervenção que inclui a nossa diversidade.



Trabalho de Josemar Antonio, que participou do projeto: