Exposição "Um Olhar Singular" - Janeiro/2009
Centro de Cultura Adonias Filho - Itabuna/BA
Convite da exposição
Um Olhar Singular, exposição de Davi Bernardo e
Josemar Antonio
Desde a invenção da máquina fotográfica sua
capacidade de captar a realidade tal qual ela é impulsionou a pintura
impressionista a iniciar uma investigação toda própria da pintura. De Degas a
Pollock foi um pulo. A fotografia seguiu seu caminho em busca do reconhecimento
de suas qualidades específicas e a pintura alcançou a mais absoluta abstração.
Hoje, no entanto, a arte contemporânea caminha na direção de um hibridismo de
conceitos, técnicas e categorias, em que a própria fotografia investigar
possibilidades cada vez mais pictóricas, aproximando estas categorias.
É neste cenário que deve ser apreciada a
exposição “Um Olhar Singular”, de Davi Bernardo e Josemar Antonio, que será
aberta no dia 22 de janeiro de 2009, no Centro de Cultura Adonias Filho, em
Itabuna, e fica até o dia 05 de março, selecionada pelo edital Portas Abertas
2008, da Fundação Cultural do Estado da Bahia - Funceb.
Esta exposição dá continuidade e amplia as
discussões iniciadas com a exposição “Colcha de Retalhos”, apresentada em abril
do ano passado no Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana.
São dípticos, trítpticos, polípticos, onde a
combinação de imagens fotográficas destacam a individualidade da foto e também
sua dependência em relação ao conjunto.
Josemar Antonio apresenta a série “Dream Work /
Work Dream” em que, com uma técnica de sobreposição, saturação e distorção das
imagens, captura o dia-a-dia das pessoas à beira das estradas brasileiras. Sua
intenção é representar o caráter efêmero das perspectivas e objetivos humanos
dos que transitam nessas vias, em sua imensa maioria composta de trabalhadores,
demonstrado através das imagens fragmentadas e desfocadas apresentadas em suas
fotografias. Seu trabalho se insere nas discussões estabelecidas pela arte
contemporânea no que centra sua proposta plástica na dialética existente entre
o ser indivíduo e ser social, e a convivência dessas mesmas forças com o
habitat urbano nas quais estão circunscritas.
Alcançando um resultado semelhante porém
utilizando uma técnica totalmente diferente da de Josemar, Davi Bernardo retira
o foco da máquina a fim de alcançar a possível imagem de um outro tipo de
excluído: o míope. Ele próprio, míope desde os primeiros anos de vida, aprendeu
a traduzir as imagens através das lentes dos óculos, possuindo com isto duas possibilidades
para uma mesma imagem: a “certa” e a “errada”. Partindo deste conceito e
utilizando o livro de arte como seu objeto de estudo, Davi mais uma vez
investiga a inserção da linguagem verbal na linguagem visual.