domingo, 30 de novembro de 2008


Exposição "Experimento_01" - Novembro/2008
Museu de Arte Moderna - Salvador/BA

S/título
Josemar Antonio

A partir do curso de curta duração "Objeto/Instalação/Intervenção: o espaço ampliado na contemporaneidade", ministrado pela mestra Lanussi Pasquali, e com sua curadoria, foi realizada a exposição Experimento_01, com participação dos artistas Anna Rosa, Áurea Madeira, Cecília Menezes, Davi Bernardo, Fábio Gatti, Josemar Antonio, Lica Moniz e Valter Ornellas.

Abaixo está transcrito o texto da curadora da exposição, Mestra Lanussi Pasquali, que compôs o catálogo impresso para a exposição.


"Acredito que um dos mais importantes elementos na constituição de um artista é o tempo.

Na contra mão do que parece ser o mundo globalizado, em que a velocidade, a novidade, o modismo, a juventude eterna são valores importantes e necessários; o artista precisa de tempo, de muito tempo para se constituir... tempo para leituras, devaneios, conversas, abandonos e buscas... tempo para experimentações, para erros e acertos... Tempo para perceber e afirmar suas particularidades.

Por isso, penso que Experimento_01 Subsolo, antes de ser uma coletiva de artistas, é um processo, uma pesquisa que envolve proposições no campo das artes visuais. O modo particular como o grupo foi formado, por si só, revela esta disposição: são todos integrantes de um curso de extensão oferecido pelo Mestrado em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFBA. Oito artistas-pesquisadores, com anseios, dúvidas e certezas, curiosidades e vontades distintas... mas coesos no que tange a necessidade do constante exercício crítico sobre a produção artística, suas implicações e desdobramentos.

Nesse caso específico, os trabalhos apresentados buscam estabelecer um diálogo franco e direto com o Subsolo do Casarão do Museu de Arte Moderna da Bahia. As características arquitetônicas/ históricas/ sociais/ institucionais do sítio constituem um campo rico e vasto a ser explorado: um espaço impregnado, nada neutro... mas que por outro lado, aceita e acolhe... o porão traz o mar, o som, o cheiro, as camadas de memória...

O público terá contato com o registro visual dessa experiência particular do lugar, do fazer e do momento vivido. A mostra é o resultado não-conclusivo de um processo de trabalho e seu caráter aberto reforça a importância da pesquisa na constituição do artista. Além das obras, talvez, a maior contribuição para os freqüentadores do MAM, seja a relação honesta que cada artista-pesquisador estabelece com seu trabalho, com seu processo, com o seu tempo..."

Lanussi Pasquali


Trabalhos expostos 
Fotos Fábio Gatti

Trabalho de Josemar Antonio 

 Trabalho de Áurea Madeira

 Trabalho de Cecília Menezes

 Trabalho de Valter Ornellas

 Trabalho de Anna Rosa

Trabalho de Fábio Gatti

Trabalho de Davi Bernardo


Trabalho de Lica Moniz

Montagem do trabalho - Josemar Antonio







domingo, 31 de agosto de 2008


Salão Regional de Vitória da Conquista - Agosto/2008
Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima - Vitória da Conquista/BA



Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008 – Vitória da Conquista
Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima

Abertura – 29/08, sex, 19h. 

Visitação – de 30/08 a 12/10, ter-dom, das 13h ás 19h  
FUNCEB

Depois de passar por Alagoinhas, os Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008 chegam à cidade de Vitória da Conquista. A abertura oficial do evento acontece dia 29 de agosto, sexta-feira, às 19h, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, onde as obras de 41 artistas ficarão expostas até 12 de outubro. Em sua segunda etapa, a mostra é resultante do edital de fomento às Artes Visuais, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade da Secretaria de Cultura. A diretora geral da Fundação, Gisele Nussbaumer, e o diretor de Artes Visuais, Dilson Midlej, estarão presentes na abertura.

Nesta etapa, concorrem artistas de Amargosa, Andaraí, Cruz das Almas, Feira de Santana, Salvador, São Félix, Vera Cruz e Vitória da Conquista. Pinturas, instalações, gravuras, fotografias e vídeo-arte estão entre os meios de expressão artística presentes na mostra. Uma comissão de premiação, apresentada na abertura do evento, formada por três pessoas de reconhecida atuação na área artística, irá selecionar dois trabalhos. Os vencedores receberão o Prêmio Fundação Cultural do Estado da Bahia no valor de R$ 6 mil cada um. Será concedido, ainda, o Prêmio Incentivo Fundação Cultural do Estado de R$ 3 mil para um terceiro artista e menções especiais não-remuneradas. 

Do total de 41 selecionados, 10 são do município anfitrião, o maior percentual de artistas da região selecionados entre as três edições dos Salões Regionais deste ano. Para garantir a presença dos residentes em outras cidades na cerimônia de abertura, a Fundação Cultural do Estado oferece apoio financeiro para o custeio de passagens e hospedagens. “Este é o quarto Salão da atual gestão e registramos um maior número de inscrições com relação ao ano passado, o que reflete o apoio ao desenvolvimento de projetos no interior. Este ano, já na abertura, em Alagoinhas, sentimos a mudança proporcionada pelo apoio para transporte e hospedagem dos artistas de fora da cidade, que possibilita o intercâmbio entre os participantes e aumento do público na cerimônia de abertura do evento”, comenta Gisele Nussbaumer.

Sobre isso, completa Dilson Midlej, “Minha expectativa é de que a segunda etapa dos Salões Regionais de Artes Visuais da Bahia 2008, em Vitória da Conquista, repita o sucesso do que aconteceu em Alagoinhas, cujo número de visitantes foi superior a duas mil pessoas. Esta exposição é importante na medida em que reúne a diversidade de um grande contingente de pesquisas visuais, que vem sendo desenvolvidas por artistas de vários municípios do Estado, através de variados meios (pintura, instalação, escultura, fotografia, etc.).” 

(informações acima contidas no site da Fundação Cultural do Estado da Bahia)

Participei do Salão Regional de Alagoinhas/BA -2008, da Funceb, cuja abertura aconteceu no dia 29 de agosto, com o políptico "Alternâncias", composto por 4 fotos no formato 50 x 70 cm (emolduradas no formato (60 x 80).





Artistas e obras selecionadas – Vitória da Conquista
Para o Salão Regional de Artes Visuais de Vitória da Conquista foram selecionados 41 artistas. São eles:
Ana Maria da Silva Fraga"Rio de tudo isso"; São Félix
Ana Valécia Ribeiro"Reliquias"; Salvador
André de Farias"Objeto neoarquelógico 03"; Salvador
Antônio Fábio C. Magalhães"Cruxifixão"; Salvador
Baldomiro da Cruz Costa"Capim da Eba"; Salvador
Carlos Eduardo O. Góes"Criação/Herança"; Salvador
Cristina Leilane de A. Fernandes"Carruagem do Sol" e “Came das Promessas; Conquista
Daiane Santos de Oliveira"Tem fogo?"; Salvador
Denílson Conceição Santana"10 de Arte"; Cruz das Almas
Dolores Josefina Serrano"Fantasmas olham a cidade de Salvador"; Vera Cruz
Edson Almeida Machado"O Crítico"; Feira de Santana
Elaine Pinho"Fotografia do Dia"; Salvador
Eliezer Bezerra da S. Neto"S/ título"; Salvador
Evandro Sybine"Imagens Derivadas de I à III"; Salvador
Fábio Luiz Oliveira Gatti"Caderno do Instante Anterior"; Salvador
Genilson Conceição da Silva (Victor Venas)"Desafios"; Salvador
Ivonilson Souza Moura"Diário digital"; Amargosa
Jackson Sena Vieira"Solução Milagrosa"; Vitória da Conquista
Janete Kislansky"Metamorfose (Limites e Rupturas)"; Salvador
José Carlison S. Oliveira"Nós que aqui estamos, por vós esperamos"; Salvador
José Carlos A. Santos"Caminhos de Luz I, II e III"; Vitória da Conquista
José Fernão Bastos Paim"S/título (pinturas)"; Salvador
José Raimundo M. Rocha"ABS-Tração 1, 2 e 3"; Cruz das Almas
Josemar Antônio de Souza"Alternâncias"; Salvador
Karla Schuch Brunet“Noite 2"; Salvador
Liane Bruck Heckert"Ausente. Persiste"; Salvador
Lílian Quelle S. de Queiroz"Projetos: Obras Comuns"; Salvador
Magno Fonseca Rocha"Um olhar pelas janelas no tempo (foto família)"; Vitória da Conquista
Manoel Antônio S. Robeiro"S/ título"; Valença
Marcio Ferreiea Santos"Engenhos”; Vitória da Conquista
Mônica Rocha Lula"Religiosidade In Foco"; Vitória da Conquista
Nailton Ronei Gomes Lima“Sagrado Coração, Valha-me”; Vitória da Conquista
Nelson Magalhães Filho“Série Anjos sobre o Recôncavo, O Recôncavo 6”; Crus das Almas
Paulo Roberto Neves Santos“Fazendo caminhos”; Salvador
Péricles Mendes da Silva“Recalque”; Salvador
Silvia Clotildes L. Guimarães“Perenidade”; Andaraí
Sônia Maria dos Santos“Recicladores”; Vitória da Conquista
Tânia Maria R. Rocha“Ai que saudade”; Vitória da Conquista
Vinicius Gil Ferreira da Silva“Art Bictm”; Vitória da Conquista
Viviane Viriato Santos“Instalação 02”; Amargosa
William Roberto Ramires“Homines Viatores”; Andaraí

(informações contidas no site da Fundação Cultural do estado da Bahia)

Fotos da exposição

Josemar Antonio - artista e obra 


Nilton do Vale

Josemar Antonio - artista e obra 


Nilton do Vale e Evandro Sybine 


Daiane Oliveira - artista e obra 


Evandro Sybine - artista e obra 



Exposição "Panorama 2008" - Agosto/2008
Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira - Feira de Santana/BA

Mostra fotográfica de diversos artistas baianos realizada no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, no período de 28 de agosto a 28 de setembro de 2008.

Convite da exposição


quinta-feira, 31 de julho de 2008


Exposição "Gravura - Influências na Nova Geração" Julho/2008
Galeria ICBA - Salvador/BA

Convite da exposição


GRAVURA: Influências na Nova Geração

Gravura, técnica artesã e de ofício manual, por vezes de uma relação muito direta, e até mesmo visceral, entre o artista criador e sua obra. Apaixonante por sua delicadeza, texturas, força expressiva e poética se deixa apropriar por inúmeras temáticas resultando num produto final de grande beleza plástica e visual.

A partir do legado histórico de tradição da gravura na Escola de Belas Artes da UFBA pretende-se estabelecer não somente relações puramente formais e poéticas entre alguns dos grandes mestres da gravura baiana e os jovens artistas gravadores, mas sim, e antes de tudo, destacar o uso investigativo e novo feito pelos artistas modernos baianos já na década de 50, influenciando substancialmente as gerações posteriores até a contemporaneidade e reafirmando a gravura como uma técnica autônoma e expressiva, além de ter introduzido o uso do múltiplo como obra de arte, a valorização do papel como suporte e a aplicação e abertura dos processos artísticos para novas possibilidades e experiências.

Muitos pré-conceitos foram derrubados desde então e a gravura continua a ser ensinada, difundida e utilizada cada vez mais. É necessária a reflexão sobre essa prática artística por tratar-se de uma técnica onde, em regra, há um forte sentimento de coletividade com o uso comunitário do atelier, dos materiais e das ferramentas de trabalho. Num mundo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela privatização de espaços públicos destinados ao trabalho coletivo, o atelier de gravura resiste ao sentimento moderno de exclusão “do outro” e da apropriação do espaço como um espaço restrito e individual.

No atelier o fazer artístico e o trabalho coletivo com ferramentas, máquinas e meios diversos necessários para a produção de gravuras resgatam de maneira bastante nostálgica a relação intrínseca ao artista enquanto artesão da sua arte no trabalho árduo e paciente para o aperfeiçoamento da técnica e superação de si próprio enquanto indivíduo criador, ao tempo que permite uma integração e disseminação das idéias e resultados alcançados entre os diversos artistas que se utilizam desse espaço.

Esta exposição conta com 28 artistas de diferentes gerações de gravadores que já passaram pelo atelier de gravura da EBA, numa pequena mostra coletiva da gravura contemporânea e seus desdobramentos estéticos ocorridos ao longo desses pelo menos 50 anos de gravura produzida na Bahia.

Paulo Vitor Leal / Josemar Antonio

LOCAL: Galeria do Goethe Institut – ICBA
ABERTURA: Dia 03 de Julho às 20h
PERÍODO: De 04 julho a 01 de agosto de 2008
VISITAÇÃO: De seg a sex das 9h às 18:30, aos sáb das 9h às 13h. A galeria não abre aos domingos.

Nesta exposição apresentei o trabalho (6 xilogravuras - 20 x 23 cm cada) intitulado: "I like them in any color - I a VI". 
Este trabalho apresenta minha investigação acerca de uma produção artística que tem como base o erotismo, onde discuto questões de gênero, interditos, limites de definição entre erotismo e pornografia...
Nele, assim como na série "Encontros Pessoais", me utilizo de imagens retiradas de revistas eróticas, onde, mantendo a imagem da mão, substituo o sexo masculino por lâminas de diversas madeira, em uma alusão a uma das formas populares em que a genitália masculina é denominada no Brasil.

Fotos do trabalho exposto - Josemar Antonio

"I like them in any colour - I a VI"



Fotos da exposição





Artistas/amigos/expositores.
Da esquerda para a direita: Alerci Cristina, Tanile Maria,
Josemar Antonio, Evandro Sybine, Paulo Vitor e Maristela Bernal

Artistas/amigos/expositores.
Da esquerda para a direita: Lucas Assis, Josiane Azevedo, Tanile Maria,
Josemar Antonio, Paulo Vitor, Jana Belo e Léo Correia


Artistas/amigos/expositores.
Da esquerda para a direita:  Léo Correia, Marta Souza, Patrícia Rosa, Paulo Vitor,
Eneida Sanches, Tanile Maria, Tanile Maria, Alerci Cristina, Davi Bernardo e Agnaldo Correia

Artistas/amigos/expositores.
Da esquerda para a direita: Eneida Sanches, Paulo Vitor, Willian A.,
Alerci Cristina, Tanile Maria, Angélica Borges, Marta Souza,   Agnaldo Correia e Davi Bernardo



segunda-feira, 30 de junho de 2008

Exposição "Impressões 3x3" - Junho/2008
Galeria da Aliança Francesa - Salvador/BA

A exposição coletiva "Impressões 3/3" ocorreu no período de 19 de junho a 15 de julho na Galeria da Aliança Francesa. Nela expus parte da série de xilogravuras intitulada "Encontros Pessoais".

Cartaz da exposição
Com base em fotografias constantes em revistas de cunho sexual retirei as partes sexuais deixando aparente somente as mãos femininas.
O título da série Encontros Pessoais foi concebido a partir de um dos seguimentos de anúncios de um jornal de grande circulação da cidade de Salvador. Cada xilogravura recebeu um subtítulo com o nome de acompanhantes femininas que anunciam seus serviços com seus codinomes e predicativos.

Fotos dos trabalhos expostos - Josemar Antonio:

xilogravura "Adrianny Gordinha Sexy"
da série "Encontros Pessoais"

xilogravura "Camylinha Marquinha Delirante"
da série "Encontros Pessoais"

xilogravura "Pérola Boca Ardente"
da série "Encontros Pessoais"

xilogravura "Yasmin Coxas Grossas"
da série "Encontros Pessoais"


Esta exposição foi posteriormente, no mesmo ano, apresentada no foyer do Teatro Vila Velha.

Fotos da montagem dos trabalhos no foyer do Teatro Vila Velha:



Fotos dos trabalhos expostos no foyer do Teatro Vila Velha:



domingo, 11 de maio de 2008


Exposição "Santo de casa faz milagre" - Maio/2008
Escola de Belas Artes - UFBA - Salvador/BA



A Bienal ocorreu durante os dias 08, 09 e 10 de maio/2008, em diversos espaços expositivos na cidade de Salvador/BA. Nesta mostra, Josemar Antonio apresentou o trabalho "I´m. I´m not.", na Escola de Belas Artes - UFBA.


quarta-feira, 30 de abril de 2008


Exposição "Colcha de Retalhos" - Abril/2008
Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira - Feira de Santana/BA

A exposição "Colcha de Retalhos e Outras Lembranças" foi realizada no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, em Feira de Santana/BA, no período de abril/maio-2008, em parceria com o artista visual Davi Bernardo, tendo recebido o Prêmio Matilde Matos  - FUNCEB - Edital de Apoio a Montagem - Exposição no estado da Bahia - 2007.


Convite da Exposição

Folheto da exposição Colcha de Retalhos e Outras Lembranças (clique na imagem para ampliá-la


Abaixo estão transcritos os textos da Prof. Drª Sonia rangel e da Prof. Mestra Alejandra Muñoz que compuseram o folder impresso para a exposição:

Colcha de retalhos com fios contemporâneos

Os trabalhos de Davi Bernardo e Josemar Antônio apresentados nesta exposição atualizam uma antiga discussão de princípios e, trazem à tona questões da arte que remontam ao final do século XIX, com tudo que o advento da fotografia e da técnica dos pintores impressionistas ajudou a fragilizar. O Desfocamento, princípio que foi gradativamente diluindo contornos, para posteriormente se conectar na produção da imagem artística, desconfigurando o tênue liame que ligava o objeto representado ao objeto suposto como real, até o aparecimento das abstrações como estéticas fundadas nos procedimentos criativos de Wassili Kandinski e Piet Mondrian. Uma outra esfera de questões deriva do princípio da Apropriação, o real através dos objetos, sua captura no cotidiano inaugurada por Marcel Duchamp, desestabilizando para sempre o discurso sobre o que é ou não é arte. Ao longo do século XX, essas questões não se esgotaram, pelo contrário, se intensificaram, pois a fotografia também fortalece o referente, dando-nos a ilusão do real sem sê-lo, e tanto a foto-película como a foto-digital evoluíram em capturas do “real”, tornando-se arte ou fundando, em diálogos múltiplos e estendidos, muitas outras estéticas. A partir do Desfocamento, Josemar se apropria da rua e apresenta-nos sua imagem-impressão onde o referente, poeticamente diluído, aparece como uma pintura. A partir da Apropriação, Davi captura e desloca objetos da feira, dos camelôs, dos livros sobre arte, e com seus deslocamentos e apropriações, nos pergunta de novo o que é ou não é arte. Fios contemporâneos unem o trabalho dos dois artistas e, “antropofagicamente” também revelam, nas fotografias e na forma instalação, acontecimentos das nossas ruas na paisagem local.

Sonia Rangel
Doutora e Professora da Escola de Belas Artes – UFBA


Colcha de retalhos e outras lembranças

Você já se perguntou o que vê diariamente? Que imagens fazem parte efetivamente do seu cotidiano? Não me refiro às imagens eletrônicas da TV, do cinema, do vídeo, do computador que saturam nosso dia a dia, estabelecem ritmos comportamentais e até condicionam nossa sensibilidade de modo significativo. Porém, pense no seu ir e vir corriqueiro, nas suas rotinas de trabalho e de atividades.
Essa é a matéria prima desta mostra, os percursos comuns, através de registros relativamente simples mediante o uso de câmaras digitais. Partindo de premissas acessíveis à maioria das pessoas, os artistas propõem um olhar singular do qual emerge uma poética e uma estética do cotidiano. Os trabalhos de Josemar Antonio e Davi Bernardo emergem num território lingüístico híbrido que dialoga com o registro visual documental, um certo caráter lúdico no uso da fotografia digital e uma associação quase onírica de imagens do dia a dia. Mas não é apenas isso: cada obra propõe também um debate sobre a qualidade de nossas rotinas.
O conjunto da mostra pode ser dividido em três eixos narrativos que ocupam espaços diferentes: a instalação "Colcha de Retalhos", os múltiplos da série "Dreams Work, Work Dreams" e os polípticos da série “Livros de História”.
A instalação "Colcha de Retalhos" compreende a apropriação de elementos e de imagens do comércio informal das ruas, discutindo a estética popular contida nas bancas de camelôs de várias cidades. A arrumação das feiras livres, a exposição de produtos nos quiosques, a organização dos exibidores de mercadorias seguem idéias de ordem e de estética próximas às das vitrines das lojas comerciais regulares. As bancas dos camelôs são verdadeiros construtos visuais que se compõem de valores de beleza, de funcionalidade e de estrutura que, ao mesmo tempo, apresentam especificidades culturais e revelam características comuns como manifestação típica das grandes cidades. Assim, "Colcha de retalhos" investiga as possibilidades poéticas do universo dos mercados populares num olhar composto por vários percursos dos artistas em diferentes feiras e mercados de diversas cidades.
Esse universo dos camelôs nos permite aproximar a uma questão crucial de nossa contemporaneidade: as relações estabelecidas a partir dos vínculos de trabalho. Todos temos um ideal de trabalho, inclusive o sonho de não ter que trabalhar. Nesse sentido, os múltiplos de "Dreams Work, Work Dreams" oferecem uma reflexão complexa a partir do percurso cotidiano de trabalho do artista. A obra avança na discussão da insanidade de certas rotinas cotidianas, dos valores de "qualidade de vida" atrelados às atividades laborais. Quantas horas passamos diariamente no trânsito? Como estamos usando nosso tempo? Na mesma estrada convivem "o bom salário", que anacronicamente obriga a percorrer dezenas de quilômetros até o local de trabalho, e os "trocados da sobrevivência" de beira de estrada, mediante a venda de todo tipo de mercadorias, inclusive sexo. As obras são constituídas de fotos digitais (sem qualquer edição ou manipulação) obtidas desde o carro em movimento. Por uma lado, esses registros "indiretos" nos colocam num plano de observação da estrada atípico e profundamente crítico da rotina laboral. Mas, por outro lado, oferecem imagens de uma estética que remete a lógicas de sonho (quando não de pesadelo) e, em conjunto, podem compor uma poética muito singular.
Essa possibilidade de ver o mundo através de "intermediários" é uma das questões que as obras de Davi abordam. Mediante fotos digitais das páginas de livros, propõe-se uma nova leitura da imagem e da palavra associadas numa mesma realidade na qual não mais se pode ler o texto completo nem a tela da qual se fala. Os fragmentos escolhidos fazem um certo ready-made dos livros de arte, que, por sua vez, compõem um novo olhar sobre obras de artistas bem conhecidos (Klimt, Hopper etc). Os múltiplos, em termos gerais, partem de uma re-proposição quase iconoclasta das obras de arte, que, ao mesmo tempo que nos aproximam de trabalhos geograficamente muito distantes, avançam numa outra possibilidade perceptiva de obras célebres pelo "desfocamento" da imagem. Nossas referências de arte ocidental estão construídas por intermediários, seja pelos livros, seja pela internet. Nesse sentido, a instalação discute a hiper-valorização da chamada inclusão digital, a retórica dos discursos de acessibilidade à informação, o crivo midiático permanente que estabelece um distanciamento dos objetos reais: você terá a ilusão de folhear um livro (uma experiência quase lúdica), mas em definitiva você não terá o livro em suas mãos e, muito menos, uma relação cognitiva corpo-a-corpo com a obra.
Desse modo, a essência das obras aqui apresentadas vai ao encontro de uma das grandes características da arte contemporânea: oferecer uma plataforma de referência para compreender a realidade, uma posição desde onde ver o mundo, uma possibilidade de leitura do que nos rodeia.

Alejandra Hernández Muñoz
Arquiteta e Profª. Me. de História da Arte da Escola de Belas Artes da UFBA

Fotos de alguns trabalhos expostos - Josemar Antonio:





Dreams Work / Work Dreams

Na série “Dreams Work / Work Dreams”, em que utilizo uma técnica de sobreposição, saturação e distorção das imagens, capturo o dia-a-dia das pessoas à beira das estradas brasileiras. Minha intenção é representar o caráter efêmero das perspectivas e objetivos humanos daqueles que transitam nessas vias, em sua imensa maioria composta de trabalhadores, demonstrado através das imagens fragmentadas e desfocadas apresentadas em minhas fotografias. Meu trabalho se insere pois nas discussões estabelecidas na arte contemporânea no que centra uma proposta plástica na dialética existente entre o ser indivíduo e ser social, e a convivência dessas mesmas forças com o habitat urbano nas quais estão circunscritas.

Josemar Antonio

Fotos de alguns trabalhos expostos - Davi Bernardo:




Livros de História

 Míope desde a infância, aprendi a traduzir as imagens através dos óculos, captando duas versões para uma mesma imagem: a “certa” e a “errada”. Partindo deste conceito e utilizando o livro de arte como meu objeto de estudo (que, em si, simboliza um aspecto afetivo e ao mesmo tempo beira a metalinguagem), investigo mais uma vez a inserção da linguagem verbal na linguagem plástica, como nas séries anteriores (como na exposição “Pinturas Maximalistas”, apresentada na Caixa Cultural, em 2006). O desfocamento e a fragmentação da imagem me permitiram produzir um trabalho que caminha paralelo ao aqui apresentado por Josemar, com quem crie a instalação que dá nome a esta exposição: “Colcha de Retalhos”. Trata-se de um painel fotográfico fragmentário que registra a caprichada arrumação dos produtos expostos pelos camelôs nas ruas das grandes cidades e ao mesmo tempo se apropria de um objeto construído em madeira a partir das estruturas onde estes produtos são arrumados.

Davi Bernardo

Trabalho em conjunto: Davi Bernardo/Josemar Antonio


Trabalho de Josemar Antonio
Trabalho de Josemar Antonio
Trabalho de Josemar Antonio
Trabalho de Josemar Antonio

Fotos da Vernissage:





Os artistas: Davi Bernardo e Josemar Antonio